Os cientistas afirmam ter encontrado o nosso antepassado comum - uma mulher que viveu à 200 mil ano atrás e deixou genes "elásticos" que são hereditários por toda a humanidade. Os cientistas estão a chamá-la de EVA, mas com relutância. A Eva dos cientistas - assunto de uma das teorias antropológicas mais provocativas das últimas décadas - era uma mulher de cabelo escuro, cor escura, e não necessariamente a mais atraente ou maternal, mas simplesmente a mais fértil, se isso for medido pela publicidade de um certo tipo de genes. Parecem ser dela todos os seres humanos de hoje: mais de 6 mil milhões de familiares de sangue. Ele foi, numa estimativa aproximada, a sua 10.000ª bisavó.
Quando os cientistas anunciaram a sua "descoberta" da Eva, eles reacenderam o debate humano possivelmente mais velho: de onde é que viemos? Também, de alguma forma, confirmaram uma crença que existia muito antes da Bíblia. Versões da história de Adão e Eva datam de pelo menos 5 mil anos através e têm sido contadas em culturas desde o Mediterrâneo até ao Pacífico Sul e às Américas.
Os cientistas não afirmam ter encontrado a primeira mulher, mas meramente um antepassado comum - possivelmente um do tempo do surgimento dos homens modernos. O que é interessante acerca desta "Eva" é que ela viveu há 200 mil anos atrás. Esta data não somente transtorna os fundamentalistas (a Eva da Bíblia calcula-se que tenha vivido há 6 mil anos), mas também desafia a convicção dos evolucionistas de que a árvore genealógica humana começou muito mais cedo, pelo menos 1 milhão de anos atrás.
"Eva" tem provocado uma controvérsia científica amarga mesmo pelos padrões dos antropologistas. A implicação mais controversa do trabalho do geneticista é que os homens modernos não evoluíram lentamente e inexoravelmente em diferentes partes do mundo, como criam muitos antropologistas. A evolução do Homo sapiens arcaico para o moderno parece ter ocorrido somente num lugar, na família de Eva. Depois entre 90 mil e 180 mil anos atrás, um grupo de sua descendência deixou a sua terra natal dotado aparentemente com alguma vantagem especial sobre todas as tribos de humanos primitivos que encontraram. Ao vaguearem, os descendentes de Eva substituíram os nativos, estabelecendo eventualmente o mundo inteiro. Alguns antropologistas de "pedras-e-ossos" aceitam esta perspectiva da evolução, mas outros recusam-se a aceitar esta interpretação da evidência genética. Eles acham que o nosso antepassado comum deve ter vivido muito mais além no passado.
"Se esta descoberta for correta, esta ideia é extremamente importante", disse Stephen Jay Gould, o paleontologista e escritor de Harvard. "Faz-nos compreender que todos os seres humanos, apesar das diferenças nas aparências exteriores, são realmente membros de uma única identidade que teve origem bem recente num certo lugar. Existe uma espécie de fraternidade biológica que é muito mais profunda do que jamais percebemos."
Para descobrir "Eva", a geneticista Rebecca Cann teve de persuadir primeiro 147 mulheres grávidas a doarem as placentas dos seus bebés à ciência. As placentas foram o meio mais fácil de ter muitas amostras de tecido humano. Trabalhando com Allan Wilson e um biologista de Berkeley, Mark Stneking, Cann selecionou mulheres da América com antepassados da África, Europa, do Médio Oriente e Ásia. Os seus colaboradores na Nova Guiné e Austrália encontraram mulheres primitivas ali. Os bebés nasciam, as placentas eram reunidas e congeladas e depois postas num processo que resultou num líquido contendo ADN puro.
Este não era o ADN do núcleo das células dos bebés - os genes que determinam a maioria dos traços físicos. Este ADN vinha de fora do núcleo, num compartimento da célula chamado mitocôndria, que produz quase toda a energia para manter a célula viva. Os cientistas não sabiam que a mitocôndria continha qualquer gene até aos anos de 1960. Depois no fim dos anos 70 eles descobriram que o ADN mitocondrial era útil para traças as árvores genealógicas porque é herdado somente da mãe. Não é uma mistura dos genes de ambos os progenitores, como o ADN do núcleo, preservando assim um registo familiar que não é misturado em cada geração.
Todos os ADN dos bebés poderiam ser identificados com uma determinada mulher.
In Newsweek

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