quinta-feira, 22 de setembro de 2022

Vinte Conselhos para Casais

1 Nunca fiquem ambos zangados ao mesmo tempo

2 Nunca lance em rosto um ao outro um erro do passado

3 Nunca se esqueçam das horas felizes de quando começaram a se amar

4 Nunca se encontrem sem um termo bem vindo

5 Nunca usem indiretas, quer estejam sozinhos ou em presença de outros

6 Jamais grite um com o outro, a não ser que a casa esteja pegando fogo

7 Procure cada um se esforçar ao máximo para estar de acordo com os desejos do outro

8 Seja a renúncia de si mesmo o alvo e a prática de cada dia

9 Nunca deixem o sol se pôr sobre qualquer zanga ou ressentimento; melhor mesmo é não zangar-se!

10 Jamais dêem ensejo a que um pedido razoável tenha de ser feito duas vezes

11 Nunca façam um comentário em público, que possa magoar o outro. Pode parecer engraçado, às vezes, mas fere

12 Nunca suspirem pelo que poderia ter sido, mas tirem o melhor partido daquilo que é

13 Não censurem nunca, a não ser que tenham a certeza de que uma falta foi cometida, e mesmo assim falem sempre com amor

14 Jamais se separem sem palavras amáveis, nas quais pensem enquanto separados. Breves palavras proferidas na manhã preenchem um longo dia

15 Não deixem que nenhuma falta cometida fique sem ser confessada e perdoada

16 Não se esqueçam que o lugar mais próximo do céu na terra é aquele em que duas almas se tornam umas no altruísmo

17 Não fiquem satisfeitos enquanto não tiverem certos de que estão ambos trilhando o caminho estreito e reto, um ajudando o outro

18 Jamais se esqueçam que o casamento foi estabelecido por Deus e que só a sua benção pode torná-lo o que deve ser

19 Não permitam que esperanças terrenas os distanciem do lar eterno

20 Jamais deixem de regar o amor com muito carinho e afeto.

Refugiados, uma oportunidade



De acordo com o Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados (ACNUR), vivemos um momento em que mais de 28.000 pessoas são deslocadas à força todos os dias. Mais de 65 milhões de pessoas — o equivalente à população do Reino Unido — fugiram de suas casas.

Um terço destes (22 milhões) classifica-se como «refugiado» uma pessoa fora do seu país de origem que «receando com razão ser perseguida em virtude da sua raça, religião, nacionalidade, filiação em certo grupo social ou das suas opiniões políticas, se encontre fora do país de que tem a nacionalidade e não possa ou, em virtude daquele receio, não queira pedir a proteção daquele país».[1] Esta crise de refugiados é a pior crise humanitária desde a II Guerra Mundial, ultrapassando o que foi na altura a maior deslocação humana em massa na história.

A maioria dos refugiados são mulheres e crianças, metade com menos de 18 anos. Milhões de refugiados vivem em situações de deslocação prolongada, esperando décadas por uma resolução. Um quarto dos refugiados de hoje são sírios, com metade da sua população pré-guerra morta ou deslocada à força nos últimos seis anos.[2]

Muitas pessoas se questionam sobre as causas deste surto de migração forçada. Guerra e conflito — especialmente guerras de longa duração — são as causas principais, mas existem outros fatores:

- Confrontados com privação económica, os trabalhadores mudam-se em busca de oportunidades.

- Desastres naturais e degradação ambiental podem levar a deslocação em larga escala, especialmente quando exacerbados por tensões políticas.

- A perseguição expulsa as pessoas da sua terra-natal, que partem em busca de segurança e liberdade.

No nosso mundo interligado, não só temos mais conhecimento sobre estas situações, como também somos mais diretamente afetados por elas. Perante este fenómeno global, como devem os cristãos responder?

Caridade e hospitalidade

A Bíblia ordena caridade e hospitalidade ao estranho residente ou viajante, bem como cuidado pelos abatidos e oprimidos. Como consequência, pessoas que seguem Jesus e levam a sua Palavra a sério têm um mandato especial para responder à crise de refugiados. No entanto, as complexidades do sistema de refugiados e a preocupação com a segurança nacional muitas vezes suplantam o apelo à justiça e misericórdia. De facto, os cristãos contam-se entre aqueles que pedem aos seus países para fechar as portas aos imigrantes.

Em nenhum lugar é talvez isto mais irônico do que nos Estados Unidos, que há muito tempo se orgulha da sua identidade como uma terra fundada por refugiados à procura de liberdade religiosa. Como a «terra dos livres e lar dos bravos», reinstalamos mais refugiados todos os anos do que qualquer outro país. O nosso ícone nacional, a Estátua da Liberdade, tem uma inscrição de boas-vindas no seu pedestal:

Dai-me os vossos fatigados, os vossos pobres,

As vossas massas amontoadas que anseiam por respirar em liberdade,

O refugo infeliz da vossa costa apinhada.

Enviai-me esses sem-abrigo assolados pela tormenta,

Eu ergo o meu farol junto ao portal dourado.

Apesar disso, o debate acerca da imigração nos EUA continua aceso sobre imigrantes sem documentos, refugiados e muçulmanos, com o nosso presidente a implementar restrições de viagem e a estabelecer um limite historicamente baixo de admissão de refugiados para o ano fiscal de 2018. No meio desta tempestade, os cristãos americanos encontram-se política e eticamente divididos sobre este assunto controverso.

Independentemente da sua opinião sobre imigração, os cristãos deviam reconhecer que têm um papel naquela que é a principal questão humanitária do nosso tempo. Por onde começamos? Eu sugiro que comecemos com a nossa imaginação.

Formando a nossa imaginação sobre o estrangeiro

Quando ouvimos a palavra «refugiado», que imagens nos vêm à mente? A de uma mulher molhada vestida de hijabe a arrastar-se até à costa? Uma criança coberta de poeira numa velha tenda no deserto? Ou um cientista que desenvolveu a teoria da relatividade? Um artista premiado? Um filantropo?

A nossa imagem mental dos refugiados afeta a nossa atitude para com eles. Desde o primeiro esforço internacional para resolver a crise de refugiados do início do século XX que cidadãos expressam preocupação acerca do impacto dos imigrantes na cultura e economia local; refugiados são estrangeiros, que muitas vezes não falam a língua local nem conhecem costumes e práticas locais. Nos últimos anos, a segurança nacional tem sido a coisa mais importante quando se pesa a compaixão pelas pessoas mais vulneráveis do mundo contra a proteção daqueles que nos são queridos, fazendo a reinstalação parecer arriscada, até insensata, para alguns. A aceleração de tecnologias de destruição maciça e infiltração de informação tornam tudo mais ameaçador.

Informando biblicamente a nossa imaginação sobre o estrangeiro

Apesar de a nossa natureza humana nos fazer desconfiar de estrangeiro, há momentos em que Deus nos chama para, em vez disso, os acolhermos. Para fazer isso, temos de permitir que Deus molde a nossa imaginação de quem o estrangeiro é, especialmente uma vez que «receber o estrangeiro» é um dos mandamentos mais frequentemente repetidos nas Escrituras hebraicas.

Os estrangeiros entre os israelitas deviam ser tratados com igualdade, como se fossem nativos (Núm. 15:15-16). Israel recebia convidados estrangeiros e era esperado que protegesse, servisse, amasse e cuidasse deles (Lev. 19:34, Deut. 26:12, Eze. 47: 21-23). Deus decretou que os estrangeiros tinham direito ao seu amor e preocupação, por isso cuidar de refugiados hoje não é apenas uma questão de compaixão ou pena — é uma questão de justiça.

Muitos refugiados são cristãos sendo perseguidos pela sua fé, fazendo deles nossos irmãos e irmãs no Senhor, e portanto membros da família.

Muitos refugiados são cristãos sendo perseguidos pela sua fé, fazendo deles nossos irmãos e irmãs no Senhor, e portanto membros da família. Quando estes refugiados vêm, eles mudam a paisagem, não só das nossas nações, mas também das nossas igrejas. De formas significativas, as igrejas estão sendo revitalizadas pelos refugiados.[3]

Cada cristão, além de pertencer à família global cristã, também pertence a outra família — a família global humana.[4] Com mais de 7 bilhões de pessoas no globo hoje, temos de nos lembrar que todos pertencemos à mesma família humana. Esta perspetiva humaniza os refugiados, lembrando-nos de que eles são mais do que estatísticas — são pessoas feitas à imagem de Deus, merecedoras da nossa compaixão e proteção.

Vocês foram estrangeiros

Finalmente, talvez o argumento mais convincente para cuidar de refugiados seja que, como eles, nós somos estrangeiros. Desde o patriarca Abraão a Jesus e os seus discípulos, à igreja global, a metáfora do estrangeiro está profundamente enraizada na nossa história e teologia, e portanto, na nossa própria identidade:

Finalmente, talvez o argumento mais convincente para cuidar de refugiados seja que, como eles, nós somos estrangeiros. Desde o patriarca Abraão a Jesus e os seus discípulos, à igreja global, a metáfora do estrangeiro está profundamente enraizada na nossa história e teologia, e portanto, na nossa própria identidade:

Deus escolheu abençoar Abraão tornando-o estrangeiro, não como castigo mas como parte do seu plano para a salvação das nações (Atos 7:6).

Antes de Cristo, as nações estavam separadas de Cristo (Ef. 2:12), mas depois Deus adotou-nos na sua família através de Jesus Cristo, e já não somos «estrangeiros nem visitantes» (Ef. 2:14, 2:19).

O tema do estrangeiro também descreve a nossa relação com o nosso lar celestial. Como refugiados, todos os que estão em Cristo são considerados estrangeiros, viajantes e peregrinos na Terra (1 Crón. 29:15, Heb. 11, 1 Pe. 1:17). Contudo, como estrangeiros e exilados não andamos sem direção; estamos só à espera de um país melhor — um país celestial (Heb. 11:16); e por isso fixamos os olhos no céu, onde reside a verdadeira cidadania: «Nós, porém, somos cidadãos do céu e de lá esperamos que venha o nosso Salvador, o Senhor Jesus Cristo.» (Fil. 3:20). Em algumas formas, conseguimos identificar-nos com refugiados porque nós também não temos um lar permanente nesta vida. Estamos em uma jornada partilhada, iguais aos olhos do Senhor, inteiramente dependentes da sua graça.

A resposta da igreja com uma mentalidade global

Tendo em conta a magnitude da crise de refugiados, as igrejas de todo o mundo precisam de saber como lidar com trauma e identidade numa sociedade cada vez mais globalizada. Cristãos com uma mentalidade global devem abraçar uma identidade global combinada com uma doutrina de hospitalidade. Esta perspetiva deve informar a forma como vemos as políticas de imigração do governo, especialmente em relação a refugiados.

O termo «refugiado» tem sido aplicado genericamente a vários tipos de migrantes afetados por qualquer fator negativo, seja económico ou ambiental. Contudo, ao discutir o fenómeno da migração global, o termo refere-se especificamente a pessoas que fogem da guerra ou perseguição e que podem provar o perigo de voltar ou ficar na sua terra, como vimos acima.

Os refugiados são especialmente vulneráveis, porque não saem por escolha; uma vez fora das fronteiras do seu país, perdem qualquer proteção de cidadania que tinham e estão à mercê (e com direito à assistência) do regime de proteção internacional. Embora a hospitalidade bíblica não precise de distinguir entre pessoas, os refugiados apresentam um caso particularmente convincente para hospitalidade e misericórdia.

Quando conseguimos usar a nossa imaginação bíblica para ver os refugiados, percebemos que muitas vezes deixámos o patriotismo e o medo sobrepôr-se à fé e à ação, e acreditamos que experimentamos Deus através da hospitalidade a estrangeiros. Esta realidade espiritual desafia-nos a ver refugiados não como um fardo, mas como um atributo valioso para as nossas comunidades, e a ver questões de imigração como questões morais, não apenas económicas e políticas. O professor de seminário Christine Pohl escreve:

O acolhimento de refugiados é um dos poucos lugares em política moderna onde a linguagem explícita de hospitalidade ainda é usada. As pessoas ainda associam noções teológicas de santuário, cidades de refúgio, e cuidado pelo estranho com as necessidades das pessoas deslocadas de hoje. Os cristãos têm um papel vital em garantir que as necessidades dos refugiados são levadas a sério pelos governos nacionais. Mas a nossa resposta tem de se estender para além das políticas públicas para um envolvimento mais pessoal em agências de voluntários, comunidades, igrejas e casas onde atos de acolhimento oferecem refúgio e uma nova vida a algumas das pessoas mais vulneráveis do mundo.[5]

Podemos acolher através da típica hospitalidade de refeições e comunhão, mas também através da defesa de direitos e educação. Muito do medo à volta da crise de refugiados é baseado em informações erradas. Quando as igrejas estão informadas, têm oportunidade de dissipar medos e empoderar as suas comunidades para se envolverem.

Os refugiados são perseguidos por causa da sua raça, religião, nacionalidade e afiliação política ou social. Que nós que seguimos Cristo possamos acolher refugiados sem olhar a essas categorias. Temos uma oportunidade tremenda de partilhar o amor de Deus e a luz de Cristo com pessoas de terras distantes que de outra forma poderiam não receber desse ministério. O sobrevivente do Holocausto Elie Wiesel louvou os «gentios justos» que arriscaram as suas vidas para proteger refugiados judeus. Para os cristãos, andar com pessoas desenraizadas no processo de restaurarem as suas vidas é um ato vicário de graça, uma vez que também nós, uma vez, fomos estrangeiros.

Notas de fim

Definição oficial do Alto Comissariado das Nações Unidas para os Refugiados; por exemplo, ver http://www.unhcr.org/afr/publications/brochures/3b779dfe2/protecting-refugees-questions-answers.html. ↑

Ver artigo intitulado ‘The Refugee and the Body of Christ’, de Arthur Brown, na edição de setembro de 2016 da Análise Global de Lausanne. https://lausanne.org/content/lga/2016-09/the-refugee-and-the-body-of-christ. ↑

Ver o artigo intitulado ‘Is God Reviving Europe Through Refugees?’ (Será que Deus está renovando a Europa através dos refugiados?) de Sam George, na edição de maio de 2017 da Análise Global de Lausanne. https://lausanne.org/pt-br/recursos-multimidia-pt-br/agl-pt-br/2017-05-pt-br/sera-que-deus-esta-renovando-a-europa-atraves-dos-refugiados. ↑

Para reflexão sobre identidade global, ver Todd M. Johnson e Cindy M. Wu, Our Global Families: Christians Embracing Common Identity in a Changing World (Grand Rapids: Baker Academic, 2015). ↑

Christine Pohl, Making Room: Recovering Hospitality as a Christian Tradition (Grand Rapids: Eerdmans, 1999), 166. ↑

Cindy M. Wu é esposa e mãe educadora de ensino domiciliar residente em Houston, Texas. É co-autora do livro Our Global Families: Christians Embracing Common Identity in a Changing World (Baker Academic, 2015) com Todd M. Johnson, e autora de A Better Country: Embracing the Refugees in Our Midst (William Carey Library Publishers, June 2017), um recurso que desafia cristãos a responder à crise de refugiados global.

Fonte: Lausanne

Comunidade Cigana



A terceira Conferência Cigana Europeia (European Roma Conference), que teve lugar em Sarajevo, na Bósnia, em outubro de 2019, reuniu 226 participantes de 31 países. O encontro teve uma diversidade de pessoas: ciganos e não-ciganos, pessoas do mundo académico ou com pouca educação formal, pastores, missionários, músicos, líderes e paroquianos.

O tema foi «Parcerias saudáveis». O conteúdo prático, intercalado com estudos de caso reais da Bósnia, Sérvia, Roménia, Finlândia e Índia, ilustrou o valor de multiplicação que existe em parcerias saudáveis e o perigo de parcerias desiguais com expectativas divergentes. Os grupos, organizados por países e regiões, discutiram as suas experiências, tanto boas como más.

Porquê este tema, neste momento e lugar? Existem desafios no desenvolvimento de parcerias de missão mutuamente saudáveis — um facto comprovado tanto pela história de missões como pelas minhas próprias observações no sudeste da Europa. Apesar disso, a parceria com igrejas e comunidades ciganas é vital para partilhar os nossos vários dons na manifestação da ‘nova humanidade’ em Cristo.[1]

Quem são os ciganos?

A maioria dos académicos ligam o povo que hoje identificamos como ciganos a grupos de pessoas que migraram do noroeste da Índia há mais de um milénio, em referência ao povo romani e à língua romaní. O termo «Roma» é hoje frequentemente utilizado para abranger uma ampla faixa de pessoas que se identificam como rom, ciganos, sinti, calon, etc.[2] A questão da identificação é complexa, uma vez que, por vezes, a autoperceção de um grupo não se alinha com a terminologia de estranhos; geralmente, espero até saber como uma comunidade se autoidentifica antes de utilizar qualquer termo.

Demasiadas vezes, os ciganos são retratados em imagens unidimensionais e estáticas — frequentemente associadas à pobreza ou criminalidade, por exemplo — quer sejam do Brasil, de França ou da Roménia. É fundamental compreender que os ciganos não são homogéneos mas diferentes grupos minoritários espalhados por vários países e continentes. Podem falar diferentes línguas ou dialetos romani e ter várias práticas culturais e religiosas. Têm também histórias diferentes com as sociedades em que se inserem. Na Europa, por exemplo, séculos anteriores de políticas severas destinadas a assimilar, banir ou até exterminar ciganos (na II Guerra Mundial) promovem ainda hoje imagens negativas deste grupo.

No entanto, apesar dessas diferenças, alguns cristãos ciganos têm um sentido de identidade transnacional e visão missionária, desde a Europa, passando pela América do Norte e do Sul e estendendo-se até à Índia.[3] Por exemplo, alguns académicos e ativistas associam a comunidade cigana aos banjara, uma grande tribo de clãs que se encontra no noroeste, centro e sul da Índia.[4] Srinivas Naik é um pastor banjara e fundador da Global Banjara Baptist Ministries (Ministérios Batistas Banjara Globais, GBBM), que opera em quatro Estados indianos através da plantação de igrejas, formação de liderança e trabalho social. Em Sarajevo, ele expressou um forte desejo de se relacionar e adorar com pessoas do seu próprio grupo étnico e referiu um sentido de «pertença»: não só ele e outros ciganos pertencem a Cristo, como também pertencem uns aos outros em termos de etnia e história.

Realidades paralelas

O cristianismo continua a crescer globalmente entre ciganos, sobretudo na forma pentecostal — desde grandes avivamentos em França, a partir da década de 1950, ao rápido desenvolvimento na Europa Central e de Leste após a queda do comunismo.[5] Estudos académicos em vários contextos verificaram que o cristianismo contribui para um aumento dos níveis de educação e alfabetização e uma diminuição da criminalidade e da distância social da cultura dominante.[6]

Contudo, a Europa apresenta realidades paralelas dentro dos seus 10-12 milhões de ciganos:

- Embora haja ciganos integrados em todas as esferas da sociedade, muitos enfrentam uma dura situação socioeconómica, sobretudo na Europa de Leste.

- Os grupos de ciganos na Europa têm muitas vezes maiores taxas de desemprego, analfabetismo e problemas de saúde, bem como habitação de qualidade interior e menor escolaridade.

- Lidam com exclusão social, discriminação e racismo. O preconceito não é sempre unilateral: alguns grupos de ciganos manifestam desprezo por não-ciganos (gadjôs) e até por outros ciganos.

- A vulnerabilidade de ciganos em certos contextos faz deles um dos alvos principais no tráfico de seres humanos.

Porém, as questões de discriminação e marginalização social não se limitam à Europa. Embora os ciganos (compostos por calon e rom) sejam foco político crescente nos últimos 20 anos,[7] continuam a ser alvo de preconceito. Na Índia, os banjara são muitas vezes socialmente isolados, sem educação e economicamente desfavorecidos. Embora os banjara no Estado de Naik sejam categorizados como grupo tribal, o que lhes dá mais respeito social, são frequentemente considerados dalits (intocáveis) noutros Estados.

A necessidade de parcerias saudáveis

Perante isto, acredito que existem três grandes razões para desenvolver parcerias saudáveis entre ciganos e não-ciganos:

1. Momento kairos?

Este pode muito bem ser um ‘momento kairos’ em termos de oportunidade global para evangelizar e discipular grupos ciganos. Na Europa de Leste, muitos pastores ciganos declararam que agora é o tempo dos ciganos, em referência à sua abertura espiritual. Na Índia, Naik reporta um enorme crescimento nos últimos 20 anos, quando os banjara começaram a evangelizar banjara. De forma independente, também ele disse que agora é o momento dos banjara, estando Deus a derramar o seu Espírito entre eles, e pediu mais parceiros de todo o mundo para se lhes juntarem e aproveitarem esta oportunidade.

 2. Desafios intimidantes

Este momento kairos vem muitas vezes em contextos intimidantes no que toca à enormidade de desafios e oportunidades tendo em conta a falta de pessoas e de recursos. O discipulado é um processo intenso limitado pela falta de pessoas a servir. Por exemplo, Naik descreve formação limitada para evangelistas e pastores, o que produz «fruto fraco». As questões das comunidades pobres também podem ser esmagadoras: a necessidade de emprego e criação de emprego, educação, apoio social e político, formação em discipulado, cura de traumas e educação teológica.

Existem muitos exemplos de como as parcerias aumentaram tanto a qualidade como a quantidade dos esforços de missão:

- Igor Shimura, ativista social e pastor calon, relatou que, através de parcerias tanto nacionais como globais, a Bíblia está a ser traduzida para calon, foram plantadas dez igrejas e mobilizados congressos missionários.

- A GBBM beneficiou de parcerias externas que, por exemplo, lhes mostraram como o historiar de cinco histórias do Antigo Testamento podem preparar uma cultura politeísta para o evangelho.

3. A necessidade de igualdade

A parceria é urgentemente necessária para incentivar transformação; contudo, a história dos ciganos em muitos contextos exige uma ênfase na qualidade da parceria.  Na Europa, por exemplo, a própria igreja marginalizou ciganos ao longo da história, excluindo-os do batismo e, por vezes, considerando-os incapazes de liderar as suas próprias igrejas. Parcerias igualitárias, portanto, podem ser um testemunho essencial para a reconciliação relacional possível em Cristo. Miki Kamberović, um pastor de ciganos na Sérvia, observou que os ciganos começam apenas agora tomar posse da sua identidade. São necessárias pessoas que não venham já com planos e ideias, mas que queiram trabalhar em conjunto para a transformação de comunidades ciganas.

A Roma Networks, que organizou a conferência em Sarajevo, tem como objetivo estabelecer redes e produzir investigação para transformar as comunidades ciganas. A ênfase em parcerias saudáveis em Sarajevo captou intencionalmente a necessidade crítica de partilhar a diversidade de dons, de capacitar ciganos e curar a relação entre ciganos e não-ciganos.

O presidente da Roma Networks, Nina Jankucić, afirmou que não precisam que pessoas, com as suas ações, façam os ciganos pensar que são incapazes de contribuir. Isso deixa uma marca que passa para a geração seguinte. Nas parcerias saudáveis, todos os membros contribuem com aquilo que têm. Isto faz parte do processo de cura, à medida que os ciganos começam a acreditar que têm algo a contribuir — e à medida que contribuem, o mundo também muda a sua percepção.

Implicações

Que imagem poderemos associar ao tipo de parcerias que procuramos? A de uma mesa-redonda: uma mesa-redonda assegura que todos se veem uns aos outros e têm acesso igual à conversa. Aqui estão algumas considerações para os ciganos e não-ciganos à medida que se sentam a esta mesa:

1 Em função das muitas falsas perceções e preconceitos acerca dos ciganos, é crucial conhecer a cultura e a história ciganas num determinado contexto. A igreja tem a responsabilidade de ir além dos retratos unidimensionais.

2 Ouvir, aprender e construir relacionamentos sem ter planos predefinidos fomenta a confiança. Quanto mais tempo se dedica ao relacionamento, menos frágil é a confiança. Isto promove a honestidade e o feedback mútuos que serão necessários na comunicação intercultural que irá sem dúvida ocorrer. Parcerias criadas num paradigma transacional, enquadradas em termos de posse e falta de recursos, passam ao lado da identidade e da função do corpo de Cristo.

3 Os cristãos ciganos precisam se ver como estando tanto a contribuir como a aprender com a igreja global. Uma troca mútua de compreensão teológica e missional acende o fervor evangelístico, enriquece a igreja no seu contexto, acaba com o territorialismo de ministérios e questiona barreiras étnicas. Por exemplo, vários ministérios banjara na Índia fazem parte de um Conselho Indiano de Cristãos Banjara (BCCI), que organiza eventos conjuntos demonstrando união.

4 A igualdade de parcerias entre igrejas na Europa Ocidental e de Leste (e noutros lugares) tem um papel crítico na abordagem de questões sociais complexas. Por exemplo, a migração Leste-Oeste na Europa aumentou rapidamente depois da queda do comunismo e subsequente expansão da UE. Para os migrantes ciganos, como outros, isso teve resultados positivos e negativos:

- Embora muitos migrantes ciganos se integrem bem através do emprego e redes familiares, a vulnerabilidade de outros leva à exploração ou à dificuldade em navegar novos sistemas sociais.

- Os que mais aparecem na comunicação social são os mais pobres ou envolvidos no crime, propagando estereótipos e receios na sociedade.

- As igrejas no Ocidente podem não ter a certeza de como ajudar pessoas que dependem de mendigar ou que são mão-de-obra menos qualificada.

No entanto, as oportunidades de missão fluem em várias direções. Pastores ciganos enviam anciãos para dirigir novas igrejas no Ocidente e ciganos e não-ciganos começam projetos missionários no Leste. É uma questão complicada que requer mais aprendizagem mútua, tanto para aproveitar as oportunidades de missão como para lidar com os desafios emergentes.

Em última análise, de acordo com Charles Van Engen, «Consideramos que o conhecimento cristão acerca de Deus é cumulativo, aperfeiçoado, aprofundado, alargado e expandido à medida que o evangelho toma forma em cada nova cultura».[8] Parcerias humildes na mesa-redonda de Cristo conduzem a essa maior compreensão de Deus e, em seguida, a uma participação mais rica na sua missão. Recentemente, sentei-me na minha pequena igreja multi-étnica na Croácia e fiquei maravilhada — um pastor cigano pregava enquanto croatas, sérvios, americanos e ciganos o ouviam atentos. Nesta parte do mundo, esse é um notável testemunho do que é possível sob o senhorio de Jesus e a graça do Espírito.


Notas

Andrew Walls, The Cross-Cultural Process in Christian History (Maryknoll, NY: Orbis, 2002). ↑

Dois exemplos ilustram esta complexidade: em alguns contextos, os grupos identificam-se como ciganos, enquanto noutros contextos o termo é ofensivo; sinti não se identificam como roma. ↑

See for example: Marcos Toyansk, ‘The Romani Diaspora: Evangelism, Networks and the Making of a Transnational Community’, Razprave in Gradivo: Revija za Narodnostna Vprasanja (2017) 79:185–205. ↑

Daniel Krása, Ňilaj, ‘The Banjara: A Nomadic Tribe of India and Possibly One of the Cousins of Europe’s Roma’, Romano džaniben (2007), 45-65; B. Shyamala Devi Rathore, ‘A Comparative Study of Some of the Aspects of the Socio-Economic Structure of Gypsy/Ghor Communities in Europe and in the Andhra Pradesh, India,’ European Journal of Intercultural Studies 6:3 (1996), 15-23; Donald Kenrick, Historical Dictionary of the Gypsies (Romanies) 2nd ed (Maryland: The Scarecrow Press, 2007). ↑

It is difficult to find reliable numbers of churches and Christians, just as in many contexts it is difficult to know accurate population numbers. However, a few estimates can offer some examples: an estimated 800 Roma churches in Bulgaria; Romania has numerous movements—one movement alone has 200 churches; an estimated 140,000 believers in France and 200,000 in Spain. Manuela Cantón-Delgado, ‘Gypsy Leadership, Cohesion and Social Memory in the Evangelical Church of Philadelphia’, Social Compass (2017), Gypsy and Traveller International Evangelical Fellowship 2014 Report, Rene Zanellato; Magdalena Slavkova, ‘Prestige and Identity Construction Amongst Pentecostal Gypsies in Bulgaria’ in D Thurfjell & A Marsh eds. Romani Pentecostalism: Gypsies and Charismatic Christianity (New York: Peter Lang International Academic Publishers, 2014): 57–74 ↑

See, for example: Tatiana Podolinská and Hrustič, Tomaš, ‘Religion as a Path to Change? The Possibilities of Social Inclusion of the Roma in Slovakia’ (2010); Miroslav Atanasov, ‘Gypsy Pentecostals: The Growth of the Pentecostal Movement Among the Roma in Bulgaria and its Revitalization of Their Communities’, Asbury Theological Seminary (2008). ↑

Florencia Ferrari and Martin Fotta, ‘Brazilian Gypsiology: A View from Anthropology’, Romani Studies 24.2 (2014),11-136; 113. ↑

Charles Van Engen, ‘Five perspectives of Missional Theology’, in Appropriate Christianity, ed. Charles Kraft (2005), 183-202; 197. ↑

Fonte: LAUSANNE

segunda-feira, 19 de setembro de 2022

Igrejas estão em uma 'plataforma em chamas' se ignorarem o discipulado de crianças



As igrejas que não investem mais em ministérios infantis orientados para o discipulado estarão “de pé sobre uma plataforma em chamas”, alertou Matt Markins, chefe da organização de discipulado infantil Awana. 

Para a maioria das pessoas, sua formação de visão de mundo é "em grande parte fixada" aos 13 anos, de acordo com descobertas conduzidas pela organização de pesquisa Barna Group. É por isso que Markins acredita firmemente que a formação da visão de mundo não é "uma conversa em grupo de jovens" para quando os jovens estão no ensino médio, mas sim "esta é uma conversa de formação infantil" e um "canário na mina de carvão".

“A Igreja vê o canário na mina de carvão como a taxa de abandono do ensino médio [quando] os alunos se afastam da Igreja após o ensino médio. Mas o propósito do canário na mina de carvão não é o momento em que o canário cai, é o gás mortal que levou a isso e de onde veio? Markins disse ao Christian Post antes do Fórum de Discipulado Infantil de Awana,  realizado de 22 a 23 de setembro em Nashville, Tennessee.

“Se estamos olhando para os 18 anos como o prazo final, na verdade estamos olhando para o prazo errado”, disse Markins. "Não são 18, são 13, porque o Barna Group disse que a formação da visão de mundo está definida até então. As igrejas realmente precisam investir nas crianças, porque é o que estamos fazendo com as crianças de 8 anos que está formando o que vai se tornar os de 13 anos”.

Outra pesquisa que Markins considerou significativo foi como 39% das crianças relataram ter pelo menos um adulto em sua igreja além de seus pais que “os conhece, os ama e cuida deles”.

Markins disse ao Christian Post que essas crianças, em comparação com aquelas que não relataram ter pelo menos um adulto atencioso na igreja, se saíram melhor em assuntos como “engajamento bíblico”, “servir na igreja”, sentir que “pertencem à igreja”. e continuar “a seguir a Cristo nos próximos anos”.

“Não há comparação entre as crianças que têm outro adulto envolvido com elas em comparação com as crianças que não têm”, acrescentou.

"Então, qual é o ponto para pastores e líderes? Se você cultivar uma cultura em sua igreja onde as crianças são conhecidas, amadas e cuidadas por outros adultos amorosos e atenciosos que estão se envolvendo com eles, você vai... desenvolver crianças que se tornam adolescentes, estudantes e jovens adultos que têm uma fé duradoura."

O líder Awana disse que o evento do ano passado foi “mais um pontapé inicial, iniciando a conversa” centrado na pergunta: “Como podemos ajudar a Igreja a passar do ministério infantil para o discipulado infantil?”

Fonte: ChristianPost

Guia para Bem Dormir



O sono é essencial para a nossa saúde óptima. a falta de sono pode causar uma infinidade de problemas: aumentar o risco de doenças, criar níveis mais altos de stress e afectar o humor e a inflamação corporal.

O sono é o pilar da nossa saúde. É a maneira mais barata e fácil de melhorar nossa saúde. No entanto, para alguns de nós, também é uma das áreas mais difíceis de atingir a quantidade ideal recomendada.

À medida que envelhecemos, tendemos a lutar contra o sono - ficamos acordados até tarde assistindo TV, tomando uma bebida ou navegando pelas mídias sociais. Antes que percebamos, não temos a menor chance de dormir de sete a oito horas antes que o alarme toque.

Para aqueles que lutam com o sono, ter uma boa rotina é crucial para encontrar aquelas oito horas indescritíveis. Geralmente não é um passo por si só que pode ajudar, mas uma combinação de muitos.

Como regra geral para ter a melhor noite de sono você deve:

- Só beba cafeína pela manhã

- Ir para a cama na mesma hora todos os dias

- Sair à luz do dia pela manhã para reforçar o ritmo circadiano, que é o ciclo sono-vigilante do nosso corpo

- Dormir em um quarto escuro e reduzir a luz à noite para sinalizar ao corpo que é hora de descansar e produzir melatonina, que nos ajuda a dormir

- Evite telas, TV e luzes brilhantes antes de dormir

 O exercício ajuda o ritmo circadiano, mas não o exercício intensivo no final da noite

- Embora o álcool possa ajudá-lo a adormecer inicialmente, ele causará padrões de sono interrompidos

Outras maneiras que podem ajudar a relaxar após o dia incluem fazer alguma meditação ou leitura.

Quanto melhor for a sua rotina - melhor será o seu sono e o grande impacto positivo que terá na sua saúde.