sábado, 15 de março de 2025

balanços e balanças (1)

Na véspera da sua morte, o meu pai teve uma atitude estranha. Pouco antes de dormir, ele foi à loja onde exerceu o seu negócio por mais de 60 anos e fez uma lacónica anotação num pedaço de papel, fixando-o com um prendedor de roupas em local bem visível: “Provérbios 11:1 – Eclesiastes 1:2”.  Ao conferir o conteúdo desse lembrete, constatamos duas verdades que modelaram a conduta comercial do meu Pai:  Provérbios 11:1 declara: “Balança (e balanço também!) enganosa é abominação para o Senhor, mas o peso justo é o seu prazer.”  Eclesiastes 1:2 adverte: “Vaidade de vaidade, diz o pregador, tudo é vaidade.” 

O mundo tem-se chocado com a onda de fraudes nos balanços de grandes corporações americanas, que ao contabilizarem receitas falsas, provocaram prejuízos de muitas centenas de milhões de dólares, tanto aos que tão somente quiseram aplicar as suas modestas poupanças, para terem um futuro mais tranquilo, como também ao capital meramente especulativo. Não menos questionável tem sido as maquiagens feitas por empresas brasileiras nas suas balanças.  Produtos com 1 kg passaram a ter 900 gramas, mas o preço ao consumidor não mudou.  Embalagens antes com 3 unidades, passaram a 5 e o preço dobrou.  Tolerava-se esse tipo de conduta quando praticada pelo Zé das Esquina.  Mas agora a sua amplitude assumiu proporções gigantescas. 

Ao comentar as fraudes em balanços, o respeitado presidente do Banco Central americano, Sr. Alan Greenspan, concluiu: “Uma ganância infecciosa parece ter tomado de assalto boa parte de nossa comunidade de negócios. Nossos guardiões históricos das informações financeiras sumiram”.  Como resgatar a credibilidade de nossos balanços e nossas balanças? Balança é medida de avaliação.  Como tal, balanço é uma variação de balança.

A lição do meu Pai é que a sua balança tinha tudo a ver com a sua relação com Deus.  Não defraudar o próximo é questão secundária, porque a primária é não defraudar a Deus.  Os pesos e medidas que usava eram precisos.  O Peso de 1 kg pesava 1 kg. E 1 metro media 1 metro.  A sua motivação não decorria do medo de rigorosa fiscalização de órgãos competentes, mas do desejo de agradar a Deus. A vaidade tem conspurcado meios empresariais e  profissionais.  O anseio de ser capa de revista, de ser laureado como o melhor do ano, de ser aplaudido e reverenciado tem resultado em quebra de princípios éticos e abandono de conduta moral íntegra. Em Wall Street piadas amargas têm circulado, como esta citada em importante semanário brasileiro: “Quem comprou US$ 1.000 em acções da Nortel há um ano tem hoje 49 dólares. Os mesmos US$ 1.000 em acções da WorldCom valem agora apenas US$ 5. Se em vez dessas acções, a pessoa tivesse comprado US$1.000 em latas de cerveja, bebendo o conteúdo e vendido as embalagens de alumínio para reciclagem, teria hoje US$ 214.  A nova moral do capitalismo é: ‘encha a cara e recicle’”  

A moral ensinada por Jesus é válida para o mundo globalizado:  “Sim, sim e  não, não;  o que passar disso vem do Maligno” (Mateus 5:37).  Conduta correcta não se molda em razão de fiscalização rigorosa, ou por causa de leis severas que punem exemplarmente os culpados, mas em razão e por causa de relacionamento pessoal com Deus.  Esta é a base de credibilidade para relações de negócios lucrativos, seguros e duradoiros.

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O Sr. Sérgio Fortes é advogado e consultor em logísticas e transportes, membro da comissão directiva de CBMC Internacional e líder de CBMC Brasil. Vive em S. Paulo, Brasil e compreende perfeitamente bem as pressões, os desafios, o stress...  bem vincados no dia-a-dia do homem comum. 

Os seus temas com as suas reflexões simples e directas, oferecem os melhores  recursos da sabedoria bíblica para ajudar a harmonizar uma liderança de  excelência na nossa vida espiritual, familiar e no bem complicado mercado de trabalho.

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