Dormir pouco coloca jovens em risco (mas dormir demasiado também)
A falta de sono é uma séria ameaça para os mais jovens, deixando-os mais propensos a sofrerem lesões desportivas e a envolverem-se em acidentes de viação. Mas dormir demasiado tem as mesmas consequências negativas.
São as conclusões de um estudo do Centro de Controle de Doenças e Prevenção (CCD) dos EUA que analisou o comportamento e padrões de sono de 50.370 adolescentes, todos a estudarem no Secundário, com o intuito de avaliar se dormir pouco era uma ameaça para eles.
As conclusões apontam para que os jovens que dormem menos do que o recomendado ficam mais propensos a tomarem más decisões que podem colocar as suas vidas em perigo, mas a mesma ideia se aplica àqueles que dormem mais do que as 9 horas aconselhadas.
Estes adolescentes ficam mais sujeitos a comportamentos considerados de risco, como conduzir sem o cinto de segurança, conduzir sob o efeito de álcool ou mesmo viajar num carro conduzido por alguém embriagado – circunstância que os deixa mais expostos a possíveis acidentes ou lesões.
“Descobrimos que todos estes comportamentos de risco eram significativamente maiores em jovens que tinham 7 ou menos horas de sono por noite, comparando com 9 horas, que é, mais ou menos, a média recomendada de sono para adolescentes”, explica à PBS a epidemiologista Anne Wheaton, do CDC, que liderou a investigação.
O aspecto mais “preocupante” do estudo, segundo Anne Wheaton, é a associação encontrada entre não dormir o suficiente e beber e conduzir.
Nos jovens com 9 horas de sono, quase 5% reportaram ter bebido e conduzido no mês anterior, dado que subiu para 10% naqueles que dormiram apenas 6 horas e para 17% nos que tiveram ainda menos horas de sono, refere a investigadora.
Mas dormir demasiado, ou seja, mais do que 10 horas, também está associado aos mesmos comportamentos de risco, nota Anne Wheaton. Uma circunstância que pode ter a ver com sinais de depressão, refere.
Os maus hábitos de sono são uma questão essencial na adolescência e pré-juventude, uma fase da vida em que os jovens enfrentam complexidades desafiantes, em termos hormonais, corporais e emocionais.
Além disso, em conjugação com as oscilações de humor típicas desta fase, maus hábitos de sono perturbam decisivamente a tomada de decisões inteligentes e lógicas.
Para combater esta desregulação, Anne Wheaton sugere a manutenção de rotinas de sono contínuas, com horas para deitar e acordar constantes, mesmo aos fins-de-semana.
Para afastar as dificuldades para dormir, é conveniente tirar equipamentos informáticos do quarto, como consolas de jogo, computadores e televisão, e evitar a cafeína a partir da tarde.
Igualmente importante é evitar a exposição a luz artificial que também perturba o sono por promover a secreção de melatonina, a chamada “hormona da escuridão”.
SV, ZAP - https://zap.aeiou.pt/dormir-pouco-coloca-jovens-em-risco-mas-dormir-demasiado-tambem-108717
Fonte: http://www.msn.com/pt-pt/saude/medicina/%C3%A9-isto-que-acontece-ao-c%C3%A9rebro-quando-dorme-pouco/ar-BBBxMHo?li=BBoPWjC&ocid=mailsignout
A incapacidade de raciocinar devidamente e o cansaço mental que se sente ao longo do dia depois de uma, duas, três ou mais noites mal dormidas não são apenas um resultado do sono que se tem e que vai aumentado.
Diz um recente estudo da Universidade Politécnica de Marche, em Itália, que estas e outras consequências da privação do sono (como o cansaço físico, irritação e apetite desmedido) são causadas pelo simples facto de o cérebro se comer a si mesmo quando as horas de sono necessárias não são garantidas.
A investigação, publicada na revista Journal of Neuroscience, teve por base a análise do cérebro de ratos de laboratório, que foram divididos em quatro grupos conforme o tipo de sono que tinham: sono regular, acordar espontâneo, privação de sono e privação crónica de sono.
A análise cerebral teve como objetivo medir as sinapses e ainda o processo celular no córtex frontal, tendo sido os astrócitos o tipo de células mais analisado e aquele que se mostrou mais determinante neste processo ‘canibal’ do cérebro. Na prática, quanto menos forem as horas de sono, maior é a tendência para estas células começarem a ser ‘engolidas’ pelas sinapses (zonas do cérebro ativas e que se localizam entre uma terminação nervosa e outros neurónios).
Diz o estudo que foi possível verificar que quanto maior é a privação do sono, maior é a atividade das sinapses. O mesmo foi possível verificar no que diz respeito às microgliócitos... o que não é bom sinal.
“Nós mostrámos pela primeira vez que parte das sinapses estão literalmente a comer os astrócitos por causa da falta de sono, disse ao New Scientist um dos autores do estudo, o médico italiano Michele Bellesi.
Este processo mostrou ser mais intenso nos casos de privação de sono crónica (isto é, quando uma pessoa está mais do que cinco dias sem dormir), contudo, o próprio estudo diz que não se trata de uma consequência tão penosa para o cérebro como pode soar, até porque pode ser vista como um mecanismo de limpeza dos “detritos” mais velhos do cérebro.
Contudo, os cientistas italianos destacam que a privação do sono é verdadeiramente penosa para a saúde, especialmente para a saúde mental, uma vez que o aumento da atividade dos microgliócitos pode desencadear uma série de problemas cognitivos, sendo conhecida a sua ligação com o aparecimento de Alzheimer, por exemplo.
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