sábado, 16 de abril de 2022

FAZER ESCOLHAS ÉTICAS NUM MUNDO CINZENTO

Algumas pessoas vêem tudo a preto e branco, certo e errado, o bem e o mal. Outros vêem um oceano de cinzento, sem nada firmemente plantado de um lado ou do outro. A vida poderia ser mais fácil se as Escrituras tivessem uma resposta clara para cada dilema ético possível. Mas, simplesmente, não é esse o caso. De facto, a Bíblia não dá sequer uma resposta definitiva a todas as questões éticas discutidas nas suas páginas. Então, como deve o seguidor consciencioso de Jesus Cristo fazer as escolhas certas quando viaja por aquelas áreas cinzentas e complicadas da vida?

Todos são colocados ao mesmo nível de ética quando se trata dos mandamentos bíblicos. Por exemplo, «Não furtarás» não se aplica apenas ao caixa da loja de conveniência local. Aplica-se a todos — ricos ou pobres, jovens ou velhos. No entanto, para além dos óbvios mandamentos bíblicos, existe um mundo de preferência, opção e opinião em que o que é certo para uma pessoa pode não ser aceitável para outra.

O que se torna necessário, então, é um filtro para ajudar a fazer as escolhas éticas sobre questões que não são directamente abordadas por quaisquer passagens específicas das Escrituras. Não podemos simplesmente olhar para o que a lei diz, porque por vezes a lei diz o que é permitido, mas não diz se devemos sempre fazê-lo dessa forma. Como disse o antigo Juiz do Supremo Tribunal dos EUA Potter Stewart, «a ética é saber a diferença entre o que se tem direito a fazer e o que é correcto fazer.»

Que filtro deveríamos utilizar? Há muitos recursos, mas eu aprecio as verdades contidas nas Escrituras e que podem ser aplicadas a várias situações. O meu filtro pessoal para navegar através da paisagem ética diária vem de duas passagens do Novo Testamento: Romanos 14 e I Coríntios 10:23-33.

Ambas dizem respeito a saber se os seguidores de Cristo devem comer carne oferecida aos ídolos. Esta não é uma preocupação relevante no mercado actual, mas os princípios e questões que orientaram a discussão do apóstolo Paulo sobre essa questão também podem ser aplicados a uma série de áreas cinzentas de hoje:

1. É permitido? (Se houver um claro mandamento bíblico em sentido contrário, então não é admissível.)

2. Vai conduzir à paz e à melhoria mútua?

3. É benéfico, proveitoso, ou construtivo?

4. Tem o bem dos outros em consideração?

5. Dá garantias de não servir de «pedra de tropeço» para outro crente?

6. Honra o nome e a reputação de Deus?

Um «não» a qualquer uma destas perguntas deve significar um «não» como resposta à decisão. Desta forma, estas perguntas servem como uma espécie de âncora. O desafio, porém, não é fazer isto apenas uma vez, mas repetidamente, construindo a nossa memória muscular ética. O comportamento ético não pode ser uma decisão de última hora. Como disse o filósofo grego Aristóteles: «Somos o que fazemos repetidamente.»

O nosso limite ético deve permanecer definido. O nosso zelo pelo verdadeiro, pelo bom e pelo belo deve permanecer forte. O estudioso britânico do Novo Testamento N.T. Wright disse desta forma: «A ética cristã não é uma questão de descobrir o que se passa no mundo e de ficar em sintonia com ele. Não é uma questão de fazer coisas de forma a ganhar o favor de Deus. Não se trata de tentar obedecer a livros de regras poeirentos de há muito tempo ou de muito longe. Trata-se de ensaiar, no presente, as canções que vamos cantar no novo mundo de Deus.»

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