Tenho chegado ao um ponto na vida de ponderar a respeito de muitas coisas. Tenho ouvido alguns testemunhos de vida, observado algumas coisas acontecerem, que me levam a tirar algumas conclusões: Vivemos actualmente num mundo em autêntico alvoroço. Sinceramente não faço ideia se estamos nos tempos finais, ou se teremos ainda muitos anos pela frente. Mas como as coisas estão, mostram-me que os tempos em que vivemos são de grandes crises. Existem crises políticas, económicas, educacionais, culturais, etc. Mas as maiores crises que vejo no mundo de hoje, é a crise espiritual, e a crise de valores.
Como cristão, observo numa mão as acções do Estado Islâmico no Médio Oriente, as perseguições aos cristãos e não-cristãos que não se submetam às suas ideias radicais, as decapitações, torturas, tráfico humano a fim de obter recursos financeiros para a realização dos seus fins; as perseguições aos cristãos em outros países, como por exemplo a Coreia do Norte, na China, etc.; e na outra mão observo uma quantidade enorme de cristãos sentados nas cadeiras de suas igrejas completamente “desligados” com o que ocorre no mundo, completamente sem acção perante o sofrimento dos outros, indo domingo após domingo, às suas reuniões de igreja, sem que seus corações lhes doam pelo sofrimento do seu próximo. Bem diz o provérbio popular: “longe da vista, longe do coração”!
Para os últimos é mais importante investir seus recursos financeiros em luzes, som, palcos, em mega-concertos, almoços de convívio, viagens, etc., do que auxiliar os seus irmãos, e não só, que passam dificuldades económicas, sofrem torturas, prisões, e até a morte. Com isto não estou a dizer que não concorde com a utilização de luzes, som, etc., nas reuniões da igreja – eu pessoalmente gosto de uma boa reunião com luzes, bom som, um bom louvor, muitas vozes, etc -, com o arrendamento de um espaço para a igreja se reunir, etc., mas a minha grande questão é: qual é a prioridade? Será que as luzes, som, palcos, organização de concertos e conferências, oradores, etc., mais importante que investir em ajudar o próximo que está a sofrer, que poderá estar em risco de vida?
Mateus 25.31-46 fala da ajuda social que damos aos outros. Na Bíblia são mais de 2350 versículos em que Deus ensina sobre o apoio ao órfão, à viúva, ao necessitado. A nossa fé deverá ter efeitos (acções) em favor daquele que sofre. Esse tal será acolhido por Deus com alegria (vers. 34-40). Nossa fé não pode somente servir para frequentarmos reuniões espirituais, crescimento espiritual e moral a nível pessoal e familiar, mas deve também nos mover na acção conjunta em favor daqueles que estão a ser perseguidos, torturados, a passar fome, traficados, a se prostituirem, etc., resgatando-os dessa vida, e dando-lhes a oportunidade de viverem uma vida melhor.
Hoje posso dizer que já estive distraído, pensando toda a semana na reunião da igreja no próximo fim-de-semana; como a mesma iria ser, como fazer isto e aquilo. E parecia que tudo girava à volta daquilo, das reuniões. Mas hoje percebo que as reuniões são importantes, mas é o Espírito Santo quem deve dirigi-la. Hoje percebo que preciso dedicar-me mais à minha família. Ensinar os meus filhos no caminho de Deus, e não descansar tanto no professor da Escola Bíblica, ou outro nome dado, de acordo com a igreja. Mas assumir a responsabilidade de pai e marido na minha família. E mover-me também em acção (fé prática) para fazer tudo o que estiver ao meu alcance para ser “Cristo” (espero que me percebam) enquanto estiver aqui nesta Terra, atingindo onde os meus braços consigam chegar, aqueles que precisam de um abraço, de um saco de alimento, de uma marcação de entrevista com quem possa desbloquear uma situação dificil, assinando uma petição de libertação, juntando meus trocos com outros trocos para apoiar projectos sociais, etc. E mais não digo...
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